Excesso de estímulos e de internet contribuem para o TDAH?
Até quando o excesso de posicionamento nas redes sociais pode ser benéfico?
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno neuropsiquiátrico de início na infância, caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade persistentes e prejudiciais. Os sintomas do TDAH geralmente persistem na idade adulta. As comorbidades precoces concomitantes ao TDAH podem incluir transtorno de tiques, transtorno de ansiedade, transtorno do espectro autista, distúrbios de comunicação e aprendizagem específica ou distúrbios motores (por exemplo, dificuldade de leitura, transtorno de coordenação do desenvolvimento) e deficiência intelectual.
Estudos de acompanhamento de longo prazo, desde a infância até a idade adulta, descobriram que crianças com TDAH, em comparação com aquelas sem TDAH, apresentavam maior comprometimento no funcionamento psicossocial, educacional e neuropsicológico e apresentavam riscos mais elevados de transtornos antissociais, depressão maior e transtornos de ansiedade como adultos.
A relação entre o uso excessivo de dispositivos digitais e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ainda está sendo pesquisada, e os resultados são mistos. Alguns estudos sugerem uma associação entre o tempo excessivo gasto em dispositivos digitais e sintomas semelhantes aos do TDAH, como dificuldade de concentração e impulsividade. No entanto, é importante notar que a relação de causa e efeito não está claramente estabelecida.
Alguns especialistas sugerem que o uso excessivo de dispositivos digitais pode contribuir para a deterioração das habilidades de atenção e concentração, especialmente em crianças e adolescentes, que estão em um estágio crucial de desenvolvimento. A constante exposição a estímulos visuais e sonoros, bem como a gratificação instantânea proporcionada por dispositivos digitais, pode dificultar a capacidade de concentração em atividades que exigem esforço mental prolongado.
Por outro lado, há pesquisas que não encontraram uma relação direta entre o uso de dispositivos digitais e o desenvolvimento de TDAH. Além disso, o TDAH é uma condição complexa, influenciada por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e neurobiológicos.
A Associação Americana de Psiquiatria afirma no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição, que 5% das crianças têm TDAH, com base em estimativas mundiais anteriores em anos anteriores. A prevalência do TDAH varia entre diferentes países, com uma prevalência significativamente maior nos Estados Unidos do que nos países europeus. Além disso, a prevalência do TDAH mudou ao longo do tempo. Vários estudos anteriores nos Estados Unidos mostraram um aumento na prevalência de TDAH nos últimos anos. Por exemplo, uma análise da Pesquisa Nacional de Entrevistas de Saúde (NHIS) relatou um aumento de 33% na prevalência de TDAH de 1997 a 1999 ( 5,7%) para 2006-2008 (7,6%) entre crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. Da mesma forma, a Pesquisa Nacional de Saúde Infantil mostrou um aumento de 42% entre 2003 e 2011 na prevalência de TDAH diagnosticado entre crianças e adolescentes de 4 a 17 anos.
Aumento nos diagnósticos
Até 2022, havia uma tendência de aumento nos diagnósticos de TDAH ao longo das últimas décadas, especialmente em crianças e adolescentes. Vários fatores podem contribuir para esse aumento, incluindo uma maior conscientização sobre o transtorno, melhorias na capacidade de diagnóstico e uma compreensão mais ampla dos sintomas.
Além disso, mudanças nas práticas de diagnóstico e nas definições de critérios diagnósticos também podem influenciar esta taxa. Por exemplo, revisões periódicas do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), utilizado por profissionais de saúde mental para diagnosticar transtornos, podem levar a mudanças na forma como o TDAH é diagnosticado e classificado.
No entanto, é importante reconhecer que o aumento nos diagnósticos não necessariamente indica um aumento na prevalência real do transtorno. Pode refletir, em parte, uma melhor identificação e tratamento de indivíduos com TDAH, o que é crucial para garantir que recebam o suporte necessário em casa, na escola e na comunidade.
Há diversos estudos disponíveis indicando a tendência de aumento dos casos, um deles, foi publicado no “JAMA Open Network”, e acompanhou 5 milhões de homens e mulheres, e 800 mil crianças entre 2007 e 2016. No período, a prevalência constatada de TDAH foi maior em crianças. No entanto, a taxa de casos entre os pequenos aumentou 26% em dez anos, enquanto nos adultos subiu 123%, especialmente entre mulheres.
O excesso de estímulos e a saúde mental
O excesso de estímulos pode ter vários efeitos no cérebro, tanto positivos quanto negativos, dependendo da natureza e da intensidade dos estímulos. Um excesso de estímulos sensoriais, como luzes brilhantes, barulhos altos e informações visuais em constante mudança (como aquelas provenientes de dispositivos digitais), pode levar a uma sobrecarga sensorial. Isso pode causar fadiga mental, estresse e dificuldade de concentração.
Quando se tem diversos estímulos em excesso, estes podem sobrecarregar o sistema de atenção do cérebro, tornando difícil focar em uma única tarefa ou manter a concentração por longos períodos, podendo afetar negativamente o desempenho cognitivo e a produtividade. Além de não conseguir processar e armazenar informações de forma eficaz, afetando a memória de curto prazo e a capacidade de aprendizado.
É comum que após períodos de longa exposição a estes estimulos, termos respostas emocionais intensas, levando a sentimentos de ansiedade, irritabilidade e até mesmo exaustão emocional.
Em alguns casos, o cérebro pode se adaptar ao excesso de estímulos, resultando em mudanças na plasticidade cerebral.Resultando na redução na capacidade de resposta a estímulos mais sutis ou a uma dependência crescente de estímulos intensos para manter o interesse e a excitação.
Conclusão
Podemos concluir que, enquanto o uso excessivo de dispositivos digitais pode ter impacto na atenção e na concentração, não está claro se ele realmente causa o TDAH. É importante para pais, educadores e profissionais de saúde monitorar o tempo de tela e promover um equilíbrio saudável entre o uso de dispositivos digitais e outras atividades importantes, como exercícios físicos, interações sociais e tempo ao ar livre.